Morreu nesta quarta-feira (27), o poeta e tipógrafo mineiro Guilherme Mansur, aos 65 anos. Ele estava internado havia três meses, em um hospital de Belo Horizonte, e faleceu em decorrência de complicações de uma pneumonia. Mansur conviveu, por muitos anos, com uma esclerose múltipla, que comprometeu sua mobilidade.
Alcunhado de “tipoeta” por Haroldo de Campos, ele cresceu de fato na tipografia dos pais em Ouro Preto. Nos anos 70, atuou no movimento de Arte Postal e participou da International Mail-art Exhibition, em Monza, na Itália). Na mesma época fundou a revista-saco “Poesia Livre”, da qual foi editor durante nove anos.
“O fato de ter sido alfabetizado por uma caixa tipográfica me levou a enxergar a letra, a palavra, com outros olhos. Quando pisei na escola pela primeira vez, tive um estranhamento com o giz riscando o quadro negro, porque a letra para mim era tridimensional, um objeto que tinha cheiro e peso e que se poderia montar para formar palavras como casa, uva e gato”, disse um dia o artista.
Uma de suas criações mais conhecidas é a Chuva de Poesia, um happening em que filipetas com versos são atiradas das torres das igrejas de Ouro Preto, fazendo “chover” sobre a cidade e as pessoas poemas de Sylvio Back, Augusto e Haroldo de Campos, Décio Pignatari, Alice Ruiz, Paulo Leminski, Júlio Castañon Guimarães, Ricardo Aleixo, Affonso Ávila e Carlos Ávila, entre muitos outros.
