A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) teve início em maio deste ano, na Câmara dos Deputados. Tomado por parlamentares da oposição, o colegiado foi usado como estratégia para enfraquecer o governo, mas o objetivo da oposição acabou em frustração na última semana.
Após uma série de ataques a ministros do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a tentativa de associar o governo a crimes atribuídos ao MST, líderes partidários negociaram uma série de trocas na composição da CPI.
O acordo permitiu que sete deputados da ala mais extremista da oposição e do Centrão fossem substituídos por novos nomes. As mudanças envolveram partidos como Republicanos, União Brasil e PP — siglas que têm buscado mais espaço no governo.
Além disso, em ato da Mesa Diretora, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), atendeu a um recurso apresentado por Nilto Tatto (PT-SP) e cancelou o depoimento de Rui Costa, ministro da Casa Civil, ao colegiado. A justificativa é de que a ida de Costa, prevista para a última quarta-feira (9), não teria ligação com o tema da CPI.
O cancelamento causou reação por parte do presidente da CPI, Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS), e do relator do colegiado, Ricardo Salles (PL-SP), que cancelaram a sessão de quarta e reclamaram da “manobra” do governo.
Após mudanças na composição, o presidente da CPI, conforme o Metrópoles, afirmou que não haverá necessidade de prorrogar a duração do colegiado. Ele havia apresentado um requerimento para prorrogar a CPI por 60 dias, mas o documento não será votado. Ele admite que alguns parlamentares que foram trocados disseram que as trocas eram prioritariamente em função do ministro Rui Costa. Mas, de acordo com ele, a comissão segue montando estratégias.
Na agenda da CPI, os deputados vão fazer diligências nos estados de Alagoas e Goiás, com visitas a assentamentos e às sedes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) nas regiões. Não há previsão de depoimentos de outros ministros nos próximos dias.
Veja a lista de trocas na composição:
Republicanos: fará duas trocas, mas ainda não realizou indicações.
União Brasil: saem Nicoletti (União-RR) e Alfredo Gaspar (União-AL); entram Carlos Henrique Gaguim (União-TO) e Damião Feliciano (União-PB);
PP: o partido pediu uma vaga que estava cedida ao PL. Sai Coronel Meira (PL-PE) e entra (PP-BA);
Patriota: sai Magda Mofatto (PL-GO) e entra Marreca Filho (Patriota-MA).