A Tanzânia confirmou nesta semana que o surto que estava em investigação na região de Kagera é causado pelo vírus Marburg. O anúncio foi feito pela presidente do país, Samia Suluhu Hassan, junto ao diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, em coletiva na capital Dodoma.
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A confirmação veio depois que os exames realizados em um dos casos tiveram resultado positivo para o patógeno, que é da mesma família do Ebola e tem uma letalidade que chega a 90%. Em comunicado anterior, a OMS havia dito que foram registrados nove casos suspeitos até o último dia 11, com oito mortos, na Tanzânia.
— Já demonstramos no passado nossa capacidade de conter um surto semelhante e estamos determinados a fazer o mesmo desta vez — disse a presidente do país.
A Tanzânia viveu um primeiro surto do vírus em março de 2023, na mesma região, que durou seis meses e provocou nove casos e seis mortes, uma letalidade de 67%. A OMS já havia destacado que “reservatórios zoonóticos, como morcegos frugívoros, continuam endêmicos na área”.
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No novo surto, os pacientes apresentaram sintomas como dor de cabeça, febre alta, dor nas costas, diarreia, hematêmese (vômito com sangue), mal-estar (fraqueza no corpo) e, em um estágio mais avançado da doença, hemorragia externa (sangramento de orifícios).
— A OMS, trabalhando com seus parceiros, está comprometida em apoiar o governo da Tanzânia para controlar o surto o mais rápido possível e construir um futuro mais saudável, seguro e justo para todo o povo da Tanzânia — afirmou Tedros.
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A OMS classificou o risco de Marburg na Tanzânia como “alto” devido a fatores como a alta letalidade. A organização também destacou com preocupação a “localização estratégica da região de Kagera como um centro de trânsito, com um movimento transfronteiriço significativo da população para Ruanda, Uganda, Burundi e República Democrática do Congo”.
— A declaração da presidente e as medidas que estão sendo tomadas pelo governo são cruciais para lidar com a ameaça dessa doença nos níveis local e nacional, bem como para evitar uma possível disseminação entre fronteiras — disse Matshidiso Moeti, diretor regional da OMS para a África.
Ainda assim, o risco global permanece “baixo”.
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O que é o Marburg?
O Marburg é um vírus raro da família Filoviridae, mesma do ebola, com uma das taxas de letalidade mais altas já registradas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a mortalidade do agente infeccioso costuma chegar a 88% dos contaminados.
O patógeno causa uma febre hemorrágica que começa abruptamente, com elevadas temperaturas, dor de cabeça e mal-estar intensos. A maioria dos pacientes desenvolvem quadros graves em até sete dias. Não há vacinas ou tratamentos antivirais disponíveis, embora uma série de fármacos estejam em testes.
A transmissão geralmente acontece por meio de morcegos frugívoros, que se alimentam de frutas. O vírus, porém, pode se espalhar entre humanos pelo contato direto com os fluidos corporais de pessoas contaminadas e por superfícies e materiais infectados.
Os maiores avanços da doença foram na República Democrática do Congo, de 1998 a 2000, e em Angola, de 2004 a 2005, quando foram contabilizados respectivamente 128 e 228 mortos.
Ainda assim, houve surtos esporádicos nos últimos anos na Guiné Equatorial, Gana, Tanzânia, Guiné, Quênia, África do Sul e Uganda, mas com poucos casos e de forma controlada. Há cerca de um mês, a OMS declarou encerrado um surto em Ruanda com 66 casos e 15 óbitos.
Embora os diagnósticos sejam detectados no continente africano, o vírus foi descoberto nas cidades de Marburg e Frankfurt, na Alemanha, em 1967. Na época, funcionários de laboratórios adoeceram após entrarem em contato com tecidos de macacos infectados que vieram da Uganda.
Trata-se, portanto, de um zoonose, ou seja, uma doença disseminada normalmente entre animais que passou a contaminar humanos – como foi o caso com o HIV, a Covid-19 e a mpox.